domingo, 26 de fevereiro de 2012

Estereótipos

Marcaram de sair. Sexta à noite, dia internacional do namoro. Quem sabe rola algo no sábado também, mas ainda é cedo pra saber. Cinema. Jantar depois. Talvez uma caipirinha pra animar. Não, caipirinha não, um vinho. Melhor falar um Drink, mais chique. Se conheceram naquele aniversário de um amigo em comum. Se apresentaram com "três beijinhos pra casar". O amigo foi que propôs a brincadeira. Ela se martirizando porque não foi no salão e sua cutícula estava em estado lamentável. "Será que homem repara? Não, repara não." Ele arrependido por ter ido com aquela camisa amarrotada. "Essa camisa parece que saiu de uma garrafa". Mas gostaram um do outro. Conversaram sobre música. Ela gostava de Rock, ele de MPB, mas ambos fizeram concessões. Falaram sobre comida também. Ela tentou fazer tipo, dizendo que gostava de coisa saudável - mentira, comia no Mc Donald's umas 4 vezes por semana. Ele tentou fazer o tipo sofisticado dizendo que adorava restaurantes - mentira, era cliente do Pastel do Zé há 10 anos. Contaram sobre as viagens que já empreenderam: ela para a Patagônia, ele tinha ido pra o Canadá duas vezes - tinha família lá. Ela começa a analisá-lo:"hum... interessante, bem humorado, cara de sério, sofisticado, mora sozinho, deve saber se virar. Tem um charme quando pisca o olho esquerdo. Sorriso bonito." Ele também: sozinha aos 30, sei não...mas é bonita, faz o tipo gostosinha, falsa magra, olhar bonito, também gostei do sorriso. Conversa interessante, parece ser inteligente. Trabalha num negócio próprio, independente, será que é feminista demais? Se for é um saco."

E agora estavam ali naquela sexta à noite. Ela esperando ele chegar. Checou o hálito, se havia batom nos dentes. Se olhou no espelho mil vezes. Viu um pêlo saindo da sobrancelha. Droga, pêlo teimoso. Será que homem repara? Não, não repara. E a roupa? Será que tá boa? Escolhera um vestido não muito curto pra ele não achá-la ousada demais, mas não muito longo a ponto de parecer uma vovozinha. Perfume suave, maquiagem leve. Homem gosta do que parece natural. Mas justo na sexta apareceu aquela espinha bem na ponta do nariz. Daquelas que doem. Saco. Será que ele repara? Isso repara. Mas dane-se, ninguém é perfeito. Por falar nisso, devia se lembrar de não falar palavrão, falar baixo e comer devagar. Sua mãe a repreendia dizendo que era por isso que estava sozinha. Besteira. Todo mundo xinga. Mas é melhor não fazer isso no primeiro encontro. Olhou dentro da bolsa. Carteira, celular, maquiagem, chave de casa. Cartão de crédito e dinheiro. Será que ele ia pagar a conta? Claro que sim, tinha cara de ser um cavalheiro. Mas ela ia se oferecer, claro. Fazer questão de dividir. Será que ele ia achar feminista demais ou só educado? Na hora ela resolvia. Será que rolaria algo mais? Não, primeiro encontro. Não queria ser taxada de "fácil" logo assim de cara. Mas e se eles nunca mais saíssem? Ia perder a oportunidade. Não, não. Melhor só jantar, conversar. E só. Só isso. Ele está atrasado 10 minutos. Não, ela que estava adiantada. Relógio adiantado era mania. Isso faz parecer que é ansiosa. Mas é mesmo. Ah, dane-se. Ninguém é perfeito. É sentar e esperar. 

Enquanto isso ele estava no carro, saindo de casa. Checou o hálito, a barba. Tinha uma falha na barba. Será que ela vai reparar? Repara, mulher repara em tudo! Camisa mal passada outra vez. Mas não tinha problema, ele podia dizer que foi por causa do carro. O carro estava em ordem? Estava. Menos aqueles livros jogados ali em cima do banco traseiro. Ninguém vai sentar ali. Mas mulher repara. Melhor tirar. Olhou os CD's. Lembrou que disse que gostava de Chico Buarque. Não tinha nenhum. É só dizer que esqueci em casa. Dá uma sensação de que não estou nem aí. Mulher gosta disso. E de foto da mãe na carteira. Ou de algum sobrinho. Não tinha. Cartão de crédito, dinheiro. Melhor ir prevenido. Comida saudável é caro. E ela gosta. Como é que gosta de coisa sem graça?  Será que ela vai se oferecer pra dividir a conta? Seria legal da parte dela. Droga, passei do prédio. Será que ela já está esperando? Com certeza não, mulher sempre atrasa. Mas ela é independente, tem jeito de "pontual". Não parece ser daquelas que se produz demais não. Será que ali é ela, de vestido? Nossa! Está diferente da última vez que a vi.

Não sabiam pra onde ir. Comida saudável? Restaurante caro? Coisa chata. Queriam só ficar conversando. Foi aí que ele teve a ideia que ela adorou. Acabaram a noite no Pastel do Zé, ela xingando a política econômica do governo atual e ele dizendo que não se dava muito bem com a mãe. E foi assim que de fato começaram a se conhecer.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Ah, o Carnaval....

Faz tempo que eu não escrevo nada por aqui, pensando em um assunto legal, então resolvi falar sobre uma das festas mais esperadas do Brasil, quiçá do mundo: o CARNAVAL!

Pouca gente sabe, mas o Carnaval originou-se na Grécia Antiga, sendo uma festa de agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Diz-se que posteriormente, os gregos e romanos inseriram atividades lúdicas nessa festividade como a ingestão de bebida alcoólica e práticas sexuais (jura?), o que depois de certo tempo foi criando o Carnaval tal qual o conhecemos: uma grande festa popular, um grande "festival da carne", onde tudo - tudo mesmo! - pode acontecer.

Minhas observações sobre essa festa tão importante na cultura brasileira partem da Bahia, mais especificamente do Carnaval em Salvador. E que Carnaval!

De início já começo dizendo que o Carnaval aqui na Bahia marca o começo do ano: assim como os chineses comemoram o ano novo numa data totalmente aleatória, DO NADA, nós entramos no Ano Novo a partir do Carnaval...Então até o Carnaval os baianos vivem num limbo, e isso é a mais pura verdade. Quem nunca fez a promessa de começar a estudar depois do Carnaval? Quem nunca quis começar uma dieta depois do Carnaval? Todo mundo já fez isso! No linguajar jurídico o Carnaval seria o termo inicial das promessas de Ano Novo. Por quê?

Porque no Carnaval pode tudo! No Carnaval você pode comer Dogão sem culpa, pode descer até o chão, pode deixar de estudar, pode desaprender a como se comportar na rua, pode dormir nela,  pode perder toda a noção das coisas, e até os critérios pra escolher alguém com quem se relacionar...pode tudo! Duvido que alguém nunca tenha dito a seguinte frase: "Aaah, mas é CARNAVAL!!".  Eu disse.

É uma festa tão peculiar, tão ímpar, que há cenas que você jamais verá na vida ou na ficção, mas presenciará no Carnaval! E eu até me arrisco a dizer - e tentar provar - que tudo acontece mais ou menos do mesmo jeito todo ano.

Não dá pra falar de Carnaval sem falar de divisão de classes.. Todo mundo aqui sabe que o Carnaval é uma festa muito lucrativa, onde os blocos ganham muito dinheiro, os artistas ganham mais dinheiro ainda, Bell Marques ganha mais do que todo mundo e os cordeiros ganham a chance de pegar alguém que anda desprevenido perto da corda. Isso é fato!

Todo mundo sabe que tem bloco de rico e bloco de pobre. Bloco de rico é aquele que você, pobre mortal, só pode comprar se dividir em 10 prestações, no mínimo, e mesmo assim vai tentar vender um dia pra amortizar sua precariedade financeira pós-carnaval. O que mais se vê em bloco de rico é gente bonita, turista e homossexual. É o que tem! E o engraçado é que o pessoal paga tão caro pra ver uma atração que eu até hoje não entendo porque faz sucesso... Porque assim, a letra não é uma poesia, uma obra prima e a voz não é das mais afinadas ou com o timbre mais legal. Mas enfim, se até Restart faz sucesso, por que não, né?

O bloco de pobre é aquele que você pode comprar de última hora, só se tiver bom. Eu, particularmente, acho as atrações até melhores, mais animadas! A galera dentro do bloco é que é menos provida de beleza exterior, mas como eu já disse antes "É carnavaaal", então tá valendo. O negócio é não ficar muito perto da corda, porque cordeiro nenhum perdoa mesmo! Nesse bloco você pode ver alguém comendo aquele espetinho com farinha de fazer inveja a qualquer René Velmont (vide Fina Estampa, novela das 9).

Tirando os blocos de rico e os de pobre tem a galera que eu chamo de "massa falida", onde eu me incluo, que não tem dinheiro/disposição nem pra bloco de pobre e aí sai na Pipoca, que é a melhor representação do inferno que você pode ter em vida - e que eu fui. A pipoca é o único lugar que contraria a Física, aquela lei de que "Dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço." E eu digo a vocês que pode, desde que se trate da pipoca do Chiclete. Na pipoca você não fica parado, você "se planta"; você não se alimenta, você come um pastel; você não bebe, toma príncipe maluco. Mas é carnavaaaal, então pode!

Fora isso, o que tem em todo Carnaval é gringo desorientado! Ave Maria...Você vê o gringo na Barra com um abadá do CocoBambu, mas o bloco Coco Bambu já tá chegando em Ondina! E eles não tão NEM AÍ! E eles são a sensação da festa! Todas as mulheres ficam sensualizando pra gringo! Gringo tem uma pegada de príncipe nórdico, aquela carinha de insolação que conquista qualquer uma, e você fica ali paquerando até o momento que você vê o gringo pegando uma CORDEIRA, do nada..Aliás, essa é uma pergunta que eu sempre faço quando vejo a cena: POR QUÊ??? Isso me faz perder a fé no ser humano. Juro.

E agora vamos falar do amor! Ah, o amor no Carnaval! Aquele amor sofrido, corrido, porque a pipoca do Psirico tá vindo ali atrás e "azamyga" tão saindo do local. Quem nunca ficou segurando a mão da(o) amiga(o) pra esperar exercer o amor não sabe o que é amizade! Mas é possível encontrar o amor no Carnaval? Sim, é possível! E é próprio da mulher acreditar nisso.Tem mulher que vai achando que pode achar um príncipe encantado e por não achar acaba ficando com o príncipe maluco mesmo (qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência)...Mas pode acontecer. Eu acho. Só não vai acontecer no final de percurso do Crocodilo, porque aí é crime impossível por absoluta impropriedade dos meios, se é que me entendem.

Por falar nisso vou lançar meu momento "revolts" e dizer: GAYS, parem de ser lindos! Isso é só pra acentuar minha incompetência ou acabar com meus critérios? Fica a dúvida no ar.

Dentro do tema do amor, vamos fazer uma consideração sobre os garotos que saem de Gandhy. Existe um misticismo que ronda esse pessoal. Por quê? Porque ninguém sabe o que é que tem a ver o negócio do colar com o Gandhy de verdade lá da Índia. Eu não entendo. Se alguém puder explicar, dá uma comentada aí, porque eu vivi toda a minha vida achando que Gandhi devia distribuir isso lá na Índia pros ingleses, o que gerou um berço de homossexualidade. O fato é que tem gente que sai no Filhos de Gandhy porque acredita, porque tem uma vibe legal e tal, mas tem gente que sai porque não pega ninguém na vida real! Isso é sério! Tem gente lerda no mundo, que não pega ninguém nas CNTP. Aí precisa dessa pegada mística/oferenda/alfazema pra conseguir uma coisinha. Agora assim, se você saiu de Gandhy e não pegou ningas, vamos brincar de outra coisa, porque se nem de Gandhy conseguiu, é porque o problema é com você.

Por fim vale dizer que o Carnaval me encanta e não quer sair de mim por pelo menos uma semana, que é o tempo de a clássica virose ir embora e deixar a gente trabalhar de verdade, cumprir as promessas de Ano Novo e começar os relacionamentos, que é o que ocorre no final dessa festa mundana.

Querem conselhos pro próximo ano? Rycos, comprem seus abadás e camarotes de 1000 reais/dia; pobres, comprem os seus abadás do Inter dividido em 10 prestações a partir de Março; casais, namorem muito e continuem mantendo a estatística de filhos nascidos em Outubro/Novembro; gays, parem de ser lindos e de sambar na cara da sociedade feminina heterossexual; gringos, please do not catch so many ugly girls in front of me; meninos de Gandhy que não pegam ninguém, desistam.

Fica a dica.