Um dia eu arrumei aquela gaveta velha.
E tirei de dentro dela
Aquela antiga caixa de recordações,
E dentro tinha mais coisa do que só poeira:
Um botão de calça colorido,
Mas já desbotado;
Um papel de bombom amassado;
A única pétala de uma rosa morta.
E no fundo da caixa,
Sorrindo pela alma,
Você numa foto.
Meio esquecido, mas ainda meu;
E mesmo depois de tudo,
Essa lembrança me doeu
Como doem as cicatrizes do que já foi curado.
E todos os dias eu passei a te encontrar:
Abria a caixa,
Olhava dentro dela
E entre tanta coisa antiga
Você continuava lá.
E cada vez era uma nova lembrança,
Cada dia uma nova esperança,
Um novo medo
E uma nova angústia pela sua falta.
Até que o tempo passou tão ligeiro
E em mim criou mudanças tão drásticas
Que esqueci-me da caixa,
Das recordações
E até de você.
Um dia resolvi arrumar este velho coração.
E no meio de tanta poeira
De tanta emoção passada
Eu nem podia imaginar:
Que debaixo de uma mágoa,
Entre o amor e a pura raiva
Você continuava lá.
(E é por isso que eu prefiro minha vida bagunçada.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário