A gente tenta até disfarçar
E se fingir de autossuficiente
Mas ninguém consegue negar
A saudade do amor ausente.
Saudade da espera,
Da ansiedade,
E do coração que bate forte,
Mas tão forte,
E tão alto,
Que até faz vibrar a blusa
E gera aquele sobressalto.
Dá saudade de vigiar o telefone,
De ficar boba.
De ficar ridícula,
Mas bem abestalhada mesmo,
Do tipo que acorda cantando,
Suspirando.
Imaginando.
Dá saudade de ouvir "Baladas Românticas" em rádio clandestina.
Com a voz do locutor traduzindo as canções ao fundo.
Dá saudade de agarrar o travesseiro como quem abraça o mundo.
E de fazer versos que caibam em toda rima.
Dá saudade de ver a sombra do amor na penumbra da noite.
De pensar vê-lo na parede do quarto.
De escolher a roupa ao sair para encontrá-lo.
E de receber um beijo na testa que queima
E quase me fere,
Como ferro quente marca o gado.
Dá saudade até do desequilíbrio,
Porque minha vida é toda um norte e um ritmo
E às vezes é bom que alguém venha descompassá-la.
Da saudade de carregar no peito aquele sobressalto perene.
Aquele frio na barriga.
Aquele anseio no coração.
Aquele "Será?" na mente.
Aquele nervosismo ao se entregar.
E depois de tudo ficar percebendo gestos.
Olhando os detalhes da íris.
Velando sono enquanto dorme.
E as cartas.
Os filmes.
As serenatas.
Os nomes em árvore.
Os planos.
Os sonhos.
Os desejos.
Saudade.
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